segunda-feira, 1 de outubro de 2012

da minha biblioteca (Horácio)

Nao indagues, Leucónoe



                                 Valdir Peyceré_

 
Nao indagues Leucónoe,
ímpio é saber a duraçao da vida
que os deuses decidiram conceder-nos,
nem consules os astros babilônios:
melhor é suportar tudo que acontecer.

Quer Júpiter te dê muitos invernos,
quer seja o derradeiro,
êste , que vem fazendo o mar Tirreno
cansar-se contra as rochas,
mostra-te sábia , clarifica os vinhos,
corta a longa esperança,
que é breve o nosso prazo de existência.

Enquanto conversamos
foge o tempo invejoso.

Desfruta o dia de hoje , acreditando
o mínimo possível no amanha.

                   Horácio (Quintus Horatio Flacus , 65/8 AC)

sábado, 22 de setembro de 2012

LABERINTOS


después de tanto dolor
queda esta sábana gris
atada a mi muñeca

estos turbios peldaños
para romper mis días

este laberinto de
manos pálidas

y los oscuros nubarrones
para sacar de mi mente

                                  Santa Rosa, setiembre 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

da minha biblioteda

A UMA PASSANTE


A rua em derredor era un ruído incomum
Longa , magra de luto e na dor magestosa
Uma mulher passou e com a mao faustosa
Erguendo , balançando o festao e o debrum.

Nobre e ágil , tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispaçao
No seu olhar , céu que germina o furacao
A doçura que embala e o coraçao que mata.

Um relâmpago e após a noite! - Aérea beldade,
E cujo olhar me fez renascer de repente,
Só te verei um dia e já na eternidade?

Bem longe , tarde , além , jamais provávelmente!
Nao sabes aonde vou , eu nao sei aonde vais,
Tu que eu teria amado e o sabias demais!


                               Charles Baudelaire  (Les Fleurs du Malade) , 1860

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

da minha biblioteca

 UNE PASSANTE

La rue assourdissante autour de moi hurlait
(...)

Un éclair...puis la nuit! ; fugitive beauté

Dont le regard m'a fait soudainement remaitre
Ne te verrai-je plus que dans l' eternitté?

(...)

Ô toi que j' esse aiméee, ô  toi que le savais!


trecho do soneto de Charles Baudelaire (1821/1867)

quinta-feira, 29 de março de 2012

HÉLICES



photo: Valdir Peyceré


a noite
nao teve
nenhum som diferente
apenas
tuas pernas
que
giravam
como as hélices
de um
helicóptero